domingo, 20 de janeiro de 2013

No tempo da minha vó...



Sempre que estou com preguiça, e isso é bem mais frequente do que eu gostaria, eu penso na minha vó.
Vó Zezé, de Minas, metro e meio, magrinha, enrugadinha, cabelinho em coque, vestidinho simples, avental, meias e chinelas.
Doze filhos, sobreviventes.
Quando o almoço, normalmente no domingo, era frango, tinha que levantar com as galinhas, literalmente.
Ir ao quintal correr atrás da galinha mais gorda.
Aí um ritual satânico de torcer pescoço, cortar e deixar o sangue escorrer no prato, isto é que tornava a galinha à cabidela.
Depois depenar a coitada após escaldar na água quente para facilitar o trabalho, uma a uma as peninhas iam saindo.
Passar no fogo para queimar as pequeninas que não se dava conta de arrancar com os dedos.
Cortar os pedaços, retirar as entranhas, limpar e uff... Agora era só ensopar com quiabo, ou fritar na banha quente, ou com o sangue fazer a tal cabidela e com as partes menos nobres, pé, pescoço, asas, fazer  a canja santa que sempre se tinha um doentinho necessitado!
Ah, que delícia, me lembro do gosto daquela comidinha feita lentamente no fogão de lenha.
Hoje preciso atravessar a rua, e pegar uma bandeja amarelinha, com os pedaços de frango cortados e temperados até.
Coloco no forno elétrico, timer avisa quando estiver pronto.
Mesmo assim penso que é melhor ir ali na esquina no restaurante de comida a kilo, pra não ter que lavar louça depois...